91

Divorciam-se forma e sentido, tão logo a sentença se pela pena assenta. 
É preciso que nos não identifiquemos demasiado com cousa alguma, e que o maior número de cousas em nós encontre expressão devida.
Para que se mais profundamente expresse, talvez demande o Gênio que lhe não façam demasiados ecos.
Acompanha-nos vida afora uma impureza inextirpável, com a qual nos não podemos habituar.
À massificação das gentes segue, nas ciências do espírito, a necessidade de tratar todas as cousas individualmente.
Pouco se distinguem de oráculos, as grandes obras do espírito.
Há mistificadores mesmo entre os mais irreductíveis homens de ciência  quiçá precisamente os mais irreductíveis homens de ciência.
Não pode ascender às altas esferas da ciência aquele que não tem a têmpera do artista  afirmação que se também verifica em seu negativo directo.
Separa o quanto somos do como agimos noute larga, insondável, intransponível.
Hesita em dizer-se Humano qualquer que se a fundo compreende.
Trata-se a Humanidade de um conceito que tão-somente se nos aplica em casca.
Parcas espumas que sobre a voragem volteiam, todas as cousas que mais intrisicamente sabemos a nossas, nossas sensacções, nossas afecções, nossas inteligências.
Entretanto, cada cousa pressupõe todas as cousas.
Tal nos ao menos parece. Não é possível saber, entretanto, até que ponto a unidade do universo o efectivamente seja, e não mero artifício de percepção.