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As academias para o espírito, as igrejas para os deuses  faz-se preciso o protestantismo do espírito.
Mil conchas, uma pérola, talvez nenhuma.
Aquele que se não deixa guiar por uma quimera vive cego.
Perpetuam-se muito mais longamente as cousas do espírito que as cousas da carne, o que não equivale a dizer que sejam indeléveis, as cousas do espírito.
Devemos conservar antes a águia de espírito que a águia de carne, caso nos seja dada a escolha.
Não se deve conceber um deus como uma efígie no anverso de uma moeda, mas como uma cousa à parte a moeda.  
O atributo maior dos deuses é o não podermos sequer concebê-los.
Interessar-nos-iam justamente dos filósofos os pensamentos que, de enigmáticos e forasteiros, se não atreveram a publicar  os pudores dos filósofos.
Ah, as solenes apofenias dos estudiosos do espírito!...