O espírito é inquebrantável. Antes que o espírito, cede o corpo.
O espírito resiste a tudo; cede, entretanto, a si próprio.
Muito de mau ocorre porquanto nos quase imperceptível seja o facto de que a normalidade não é mais que uma exclusão de cousas necessárias.
A normalidade metafísica – falácia, porquanto abstém-se de quanto se nas cousas desconhece.
A moral – exclusão de cousas necessárias, em algum nível.
Muitas gentes já disseram as cousas verdadeiras – e empós os balanços elípticos da vaidade nossa cumpre sempre voltar a elas.
Um tigre sem garras, não um tigre.
Muito tempo dispende-se na resolução de problemas que não mais dizem respeito à realidade, mas abstracções que cousa alguma têm a haver com a realidade.
As utopias, as descrições dos paraísos, que falta nos fazem.
Sem que a flor haja não pudera haver sequer nada.
Pensa-se nas grandes obras do espírito sempre com o apreço que temos pelas cousas nossas – excepto se concebidas por um rival.
Pelos fortuitos acertos obtém fama e reconhecimento os maus poetas; os bons, pelos ocasionais despropósitos.
Interessam-nos todos os grandes assuntos, conquanto nos nenhum por muito enclausure.
Infinitamente dista de nós o absoluto nas cousas; avizinham-se-nos, entretanto, os meios para a justa interferência.