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Escrevemos somente os fracassos nossos; os triunfos, escreve-os outra cousa, que desconhecemos. 
Ele floreia os conselhos que dá, de modo que não são mais úteis: mas não o seriam de qualquer maneira àquele que os precisa claros. É neste sentido que não é possível ser claro e esperar ser compreendido. 
Aos grandes espíritos fere-os o não aprender as cousas simples por si; daí as parábolas.
Duas venturas de escritor: escrever um livro infinito, encontrar um leitor infinito. 
Não se pode escrever o que se queira, a hora que se queira: deve-se, portanto, escolher entre a paciência ou a loucura. Não há nada que nos assegure, entretanto, que mesmo à força de paciência nos não derriba a loucura. 
É-nos um defunto triste, por vezes, a literatura. 
Tem uma forma o espírito, como o nariz, como a vesícula. 
Não tanto as grandes inteligências fazem o Gênio, mas as estranhas deformações do espírito.