Em certo sentido pode-se argumentar que jamais sobrepujasse a Esfinge Édipo, que o enigma à entrada de Tebas proposto – justo um espelho, entre os inúmeros e mais complexos enigmas que lhe por certo a Esfinge propunha, diversas as circunstâncias – não pudesse deixar de ser por Édipo prontamente solucionado, e que a psicologia da Esfinge refletisse tão somente o propósito dos deuses, irrevogável, de que em Tebas se encontrasse Édipo, preciso quando em Tebas se encontrar devesse. Nesse sentido, ao encerrar-se em si a Esfinge é irremediavelmente que sobrepuja Édipo, que a nunca a fundo sabe, que a jamais de cerne conhece. Naturalmente, como sucede às cousas todas, da fonte mesma deste argumento é que lhe nasce o contrário, favorável a Édipo, o de que a Esfinge, inda por decreto dos deuses, jamais gozara embaraçá-lo. De acordo com esta interpretação, no momento em que decide guardar-se sobrepuja-a Édipo, que entre as miríades de soluções possíveis para os infindos enigmas que lhe perpétuo velados, desconhece-os todos.